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Né Afonso, uma grande figura de Quelimane

Né Afonso vai ser homenageado

Maio 8th, 2017 Posted by Atividades, Notícias 1 thought on “Né Afonso vai ser homenageado”

Vida e obra de Ernesto Edgar Santana Afonso, ou simplesmente Tio Turutão, como era conhecido pela criançada em Moçambique, serão retratadas em disco a ser lançado em Junho, pela banda TP50 em parceria com a Rádio Moçambique, no âmbito das celebrações do dia internacional da criança.

Intitulado “acriançando: tributo a tio Turutão”, o disco será composto por 12 músicas infantis, entre originais do TP50 e outras na sua maioria da autoria de Né Afonso, que se destacou na promoção de música e teatro radiofónico infantil nas décadas de 1070 e 1980.

A iniciativa de homenagear este ícone da música infantil nacional surgiu das propostas que cada elemento do grupo foi apresentando nas reuniões de trabalho. Tio Turutão foi um personagem criado por Ernesto Edgar Santana Afonso, mais conhecido por Né Afonso, que se destacou na música e teatro radiofónico durante a época pós independência nacional.

Num momento desprovido de meios e numa época histórica dificil para o país, Tio Turutão foi um personagem essencial no imaginário infantil. Caracterizado por músicas educativas, o seu papel foi de elevado impacto no crescimento e desenvolvimento das crianças da época, hoje adultos que determinam a nossa sociedade.

Ao ter como objectivo a gravação de um CD educativo, o TP50 em parceria com a Rádio Moçambique decidiu que o mesmo fosse um tributo a este artista, animador e educador cuja obra foi socialmente relevante e de impacto considerável.

Este tributo será apresentado em espectáculo marcado para o dia 3 de Junho, mês em que celebramos a criança africana e mundial.

Né Afonso, uma grande figura de Quelimane

Evocação de Né Afonso, por Fátima Ribeiro

Abril 17th, 2017 Posted by Gente da nossa terra 0 thoughts on “Evocação de Né Afonso, por Fátima Ribeiro”

Ernesto Edgar de Santana Afonso, Né Afonso ou simplesmente Né, foi e ainda é uma das figuras mais populares da terra dos Bons Sinais, atravessando épocas e gerações.

Em Quelimane nasceu, a 23 de Fevereiro de 1950, e, ensinado pela irmã mais velha, começou a aprender piano com 5 anos de idade, pois seu pai, também Ernesto, fazia questão de que todos os filhos – Edma, Élia, Ernesto Edgar e Eunice, curiosamente todos nomes começados por E – tocassem este instrumento.

Aos 12 anos, no dia do seu aniversário, estreia, com os amigos Arnaldo Miranda (xilofone), Abel Frank (viola), Quicas Regado (bateria), Amílcar Domingues e Pacheco (acordeonistas), José Carlos Beirão e Anselmo Duarte (contrabaixo), o TAQ Júnior, conjunto do Teatro Amador de Quelimane criado por António Regado, que, já autónomo, passa a Jovens Apaches, actuando em bailes e outras festividades. Colabora com o Emissor Regional da Zambézia no programa infantil “No Mundo da Pequenada”, de Graça Serrano (Tia Locas) e Elisa Viegas (Tia Lili), acompanhando as crianças que ali iam cantar, e tem uma curta estada n’ Os Lordes. Prometendo-lhe um órgão, novidade na altura, e apoio nos estudos, Fernando Adão, empresário do The Blue Twisters, consegue arrancá-lo para este grupo, o que vem a ser um grande impulso na sua vida artística. Nos shows musicais em que actua, realizados sobretudo no Benfica e no Cinema Águia, surpreende a assistência, tocando por vezes de costas o seu novo instrumento, um Philips de madeira. Na Boîte da FAE, a Feira das Actividades Económicas que anualmente tinha lugar, ou noutros locais da cidade, acompanha famosos cançonetistas de Lourenço Marques, como Natércia Barreto, Zito Pereira, Berta Laurentino, Liliana Matos, e o humorista Parafuso. Liliana Matos ganha um prémio em Angola com uma das suas composições, e Natércia Barreto grava em disco duas outras, que logo se popularizam: “Chitato” e “Muianá”.

Mudando-se para Lourenço Marques, frequenta e conclui o curso de educação física, sempre mantendo a actividade de músico profissional. Ensina música na escola onde estudou, o Instituto Nacional de Educação Física, toca em clubes nocturnos como o Topázio, a Cave ou o Pinguim, e faz parte do popular Conjunto de Renato Silva. Ingressa na Rádio Moçambique, onde se torna o “Tio Turutão Sabe Tudo” de todas as crianças do país que nascia. Entre outras, ficaram célebres as suas canções “Marrabentinha” e “Bons Sonhos”, que durante anos se ouviu na televisão indicando às crianças a hora de se irem deitar. Grava, em 1984, um LP com esse nome e, no ano seguinte, o disco “Dez Anos”, que assinalou a primeira década de independência. António Alves da Fonseca, na altura Director Comercial da Rádio Moçambique, apadrinhou a iniciativa. Grava ainda outro disco, este com histórias infantis, contracenando com Álvaro Belo Marques, importante figura da comunicação social. É activa a sua participação no teatro radiofónico. Escreve, adapta, traduz, interpreta e dirige actores para um programa idealizado por Leite de Vasconcelos. Seu livro “Eu Não Sou Eu e outras peças de teatro”, datado de 1981, reúne quatro das peças apresentadas. De sua autoria é também o seriado “Unahiti, o guerrilheiro”.

Como se não bastasse, dois factos há que acrescentar a este rico historial. Em primeiro lugar, o seu papel na criação de uma orquestra juvenil, com a colaboração de Yana, então ligado ao Ministério da Cultura. Diz João de Sousa, um dos mais antigos radialistas moçambicanos, que essa orquestra “foi o embrião para a formação duma Escola de Música, inicialmente tutelada pela Rádio Moçambique e actualmente [Maio de 2016] de natureza privada, que, segundo Yana, pode vir a ostentar brevemente o nome de Né Afonso.” Em segundo lugar, a ligação que teve à Deutsch Welle, a rádio internacional da Alemanha, país onde também residiu, e de onde regressou a Moçambique, continuando a trabalhar na RM.

Né Afonso com amigos de Quelimane, em Maputo

Né Afonso com amigos de Quelimane, em Maputo, depois do seu regresso a Moçambique

Ernesto Edgar de Santana Afonso, o nosso Né, faleceu em Portugal a 13 de Maio de 2016, pouco tempo depois de um dos calorosos encontros de zambezianos naquele país, onde estiveram presentes vários familiares e amigos. Partiu naquele dia em que, também para ele, “Chegou a hora de fazero oó”, tão fatigado que estava.

De Né Afonso ficará, certamente para sempre, uma grande saudade no coração de todos os quelimanenses do seu tempo e de muitos, muitos moçambicanos e outros.

 

Ouça aqui “Chitato”, música de Né Afonso:

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